Segundo alguns historiadores, a primeira penetração no território do Cariai se deu no último quartel do século XVII, chefiada pelos irmãos Lobato Lira. Faziam parte da bandeira um padre secular e um frade capuchinho, os quais, conquistando a confiança dos índios cariris, conseguiram aldeá-los.
Subindo os exploradores o curso do rio Salgado, que banha o fértil vale do Cariai instalaram nas imediações da cachoeira dos Cariris, hoje conhecida por cachoeira de Missão Velha, o primeiro aldeamento dos índios. Mais tarde, às margens do rio Itaitera - nome indígena que significa "água. que corre entre pedras" - precisamente no lugar onde assenta a cidade do Crato, instalou-se o maior e mais
importante núcleo dos silvícolas na região. O aldeamento fundado por frei Carlos Maria de Ferrara denominou-se Missão do Miranda, em lembrança, parece, de um dos chefes da tribo batizado com esse nome. Aparacem também as denominações de Miranda e dos Cariris Novos.
A Missão do Miranda era administrada pelos frades da Ordem dos Capuchinhos. Graças à fertilidade do solo e ao crescente desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar, mandioca e cereais, além da abundância de água, o antigo aldeamento transformou-se em próspero povoado, principalmente depois que Manuel Carneiro da Cunha e Manuel Rodrigues Ariosto requereram para si e seus herdeiros uma data de terras de sesmaria, com seis léguas de extensão e uma para cada lado do
rio Salgado.
Em março de 1762 foi criada a Paróquia, na aldeia do Miranda, sob a invocação de Nossa Senhora da Penha. No ano seguinte, em agôsto, foi mandada criar a vila, que em 1764 foi inaugurada com a denominação de Crato (7ª vila do Ceará), completando agora o seu 2º centenário.
Não se sabe ao certo a origem dessa denominação. Parece que foi dada em homenagem ao vilarejo português de Alentejo, construído sobre as ruínas de uma povoação remotíssima, que era chamada Ucrate ou Ocrate. "Todavia, é voz corrente na região do Cariai que o nome Crato é uma corruptela da palavra Curato, pois, inicialmente a. cidade se teria chamado Curato de São Fidélis de
Singuaringa, depois Curato de São Fidélis e. por fim, simplesmente Curato e daí Crato", segundo afirmam Raimundo Girão e Antônio Martins Filho na obra "O Ceará".
Foi Crato palco dos principais acontecimentos históricos do Ceará, desenrolados no primeiro quartel do século passado. Foi a única localidade cearense que aderiu ao movimento libertador de Pernambuco em 1817.
O diácono José Martiniano de Alencar e seu irmão Tristão Gonçalves de Alencar Araripe. frei Francisco de Santana, Pessoa e Inácio Tavares Gondim, prestigiados por Bárbara de Alencar, rica fazendeira e mãe dos dois primeiros, sublevaram a população do Crato e proclamaram aí a República que teve a duração de apenas 8 dias, restaurando-se o govêrno monárquico no dia 11 do mesmo mês.
Abortado o movimento, presos os chefes, escoltados e algemados, foram levados para a sede do Govêrno. D. Bárbara de Alencar conseguiu evadir-se. em companhia do vigário Manuel Carlos, sendo presos no termo do Rio do Peixe, na. Paraíba. Os membros da família Alencar e seus companheiros, em número de 25, foram enviados para Pernambuco. onde chegam a 27 de julho de 1818. Transferidos para, a Bahia, deram entrada no presídio a 9 de outubro do mesmo ano.
Finalmente, julgado nulo o processo, em agosto de 1821, foram postos em liberdade. D. Bárbara fora solta em 1820 por ter sido incluída no perdão de 6 de fevereiro de 1819.
Outro episódio histórico de importância ocorreu alguns anos mais tarde.
Revoltando-se Pinto Madeira contra a ordem estabelecida com a abdicação de D. Pedro I, no dia 27 de dezembro de 1831, marcha com os revoltosos para atacar a vila do Crato, ferindo-se nesse dia sangrento combate no lugar denominado Biriti. Destroçadas as Fôrças que marcharam ao encontro de Pinto Madeira, ocupou este a vila no dia seguinte. Depois de vários e renhidos combates, Pinto Madeira rendeu-se com cerca de mil rebeldes. no dia 13 de outubro, ao general Labatut. Preso e condenado à pena de morte, foi fuzilado na manhã de 28 de novembro de 1834.
Nasceu em Crato, José Martiniano de Alencar que foi Presidente da Câmara dos Deputados, Senhor nomeado pela Regência e Governador do Estado do Ceará por duas vezes. Entre os seus dez filhos figura o romancista José de Alencar.
Origem do Topônimo: Vocábulo de origem portuguesa, certamente homenagem ao Vilarejo qual infante D. Miguel, depois do Rei Miguel I, foi o último Grão-Prior. Tal vilarejo está construído sobre as ruínas de uma povoação remotíssima chamada UCRATE ou UCRATO. Todavia, é voz corrente na região caririense que o nome Crato é um corrutela de palavra CURATO DE SÃO FIDÉLIS DE SIGUARINGA, depois CURATO DE SÃO FIDÉLIS e, por fim, simplesmente, CURATO e daí CRATO.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Crato, pela provisão de 06-01-1768 e ato de 18-03-1842.
Elevado à categoria de vila com a denominação de Crato, em 17-06-08-1763. Sede no lugar chamado de Aldeia do Brejo.
Elevado à condição de cidade com denominação de Crato, pela lei provincial nº 628, de 17-10-1853.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do distrito sede.
Pela lei estadual nº 2359, de 26-07-1926, o distrito de Quixará deixa de pertencer ao município de Santana do Cariri, sendo anexado ao município de Crato.
Pelo decreto estadual nº 1156, de 04-12-1933, o município de Crato adquiriu os extintos municípios de Ipueiras, Lameira e Monte Pio. Sob o mesmo decreto é criado o distrito de Buriti e anexado ao município de Crato.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município aparece constituído de 6 distritos: Crato, Buriti, Ipueiras, Lameiro, Monte Pio, Quixará.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas 31-XII-1937.
Pela lei nº 268, de 30-12-1938, desmembra do município de Crato os distritos de Quixará e Monte Pio. Para formar o novo município de Quixará.
Pelo decreto estadual nº 448, de 20-12-1938, o distrito de Ipueiras passou a denominar-se Dom Quintino. Sob o mesmo decreto é criado o distrito de Santa Fé, criado com terras desmembradas dos distritos de Dom Quintino ex-Ipueiras e Lameiro, ambos do município de Crato.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 5 distritos: Crato, Buriti, Dom Quintino, Lameiro e Santa Fé.
Pelo decreto-lei estadual nº 1114, de 3-12-1943, o distrito de Buriti passou a denominar-se Muriti.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 5 distritos: Crato, Dom Quintino, Lameiro, Muriti ex-Buriti e Santa Fé.
Pela lei estadual nº 3931, de 26-11-1957, é criado o distrito de Ponta da Serra ex-povoado, criado com terras desmembradas dos distritos de Santa Fé e Dom Quintino.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído 6 distritos: Crato, Dom Quintino, Lameiro, Muriti, Ponta da Serra e Santa Fé.
Pela lei estadual nº 6696, de 18-10-11963, desmembra do município de Crato o distrito de Dom Quintino. Elevado à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 5 distritos: Crato, Lameiro, Muriti, Ponta da Serra e Santa Fé.
Pela lei estadual nº 8339, de 14-12-1965, o município de Crato adquiriu o extinto município de Dom Quintino, como simples distrito.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1968, o município é constituído de 6 distritos: Crato, Dom Quintino, Lameiro, Muriti, Ponta da Serra e Santa Fé.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 17-I-1991.
Pela lei municipal nº 1433, de 08-05-1991, é criado o distrito de de Padre Cicero e anexado ao município de Crato.
Pela lei municipal nº 1540, de de 05-05-1994, são criado os distrito de Baixio das Palmeiras, Belmonte, Campo Alegre, Monte Alverne e Santa Rosa anexado ao município de Crato. Sob a mesma lei o distrito de Padre Cicero passou a denominar-se Bela Vista e ainda esta lei extingui os distritos de Muriti e Lameiro.
Em divisão territorial datada de 1-VI-1995, o município é Constituído de 10 distritos: Crato, Baixio das Palmeiras, Belmonte, Campo Alegre, Dom Quintino, Monte Alverne, Bela Vista, Ponta Serra, Santa Fé e Santa Rosa.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
Gentílico: Crato
Fonte: Biblioteca IBGE